quarta-feira, 23 de julho de 2014

O Buda, as Feiras e a Azeitona


 Este fim de semana foi marcado pela morte de dois grandes nomes no mundo literário: João Ubaldo Ribeiro, autor de um dos meus livros favoritos “A Casa dos Budas Ditosos”, que li quando tinha 18 anos e muita inocência e inexperiência de vida (o que me causou grande impacto) e Rubem Alves, cuja obra não tive grandes oportunidades de conhecer (não valendo frases de efeito de Facebook, OK?). Tivemos também o AVC de Ariano Suassuna esta semana, que se encontra em coma.


Diante destes fatos, e com a proximidade da FLIP - 12ª Festa Literária Internacional de Paraty, é que vou contar pra vocês algumas curiosidades sobre a Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto.

Foram 5 anos fazendo parte desse evento e tendo o prazer de conhecer, não estes grandes, mas outros tantos brilhantes escritores que fazem de mim uma grande amante desta Feira, já que, infelizmente, ainda (quando eu digo ainda é porque nunca sabemos o que pode vir a acontecer, não é mesmo?) não pude ter a oportunidade de trabalhar, ou mesmo participar da FLIP, quem sabe um dia!

São tantos os nomes que fica difícil aqui enumerá-los, mas vou contar de um em especial.
Em comum com a festa de Paraty, quero citar Marcelo Rubens Paiva, um escritor fantástico e uma pessoa igualmente maravilhosa.

Designada a cuidar dos autores em seus “Salões de Ideias”, fiquei incumbida de acompanhá-lo pessoalmente, desde a saída do hotel até as proximidades do Teatro, onde faria sua palestra. Para minha surpresa, ele, com sua cadeirinha motorizada e super autossuficiente, veio do Hotel direto à Feira e ao meu encontro. Dali, do meio da praça onde fui encontrá-lo, viemos espontaneamente batendo papo e rindo alegremente. Ele confessou que não gosta que o fiquem bajulando, devido a sua “condição” e que, por este e outros motivos, tem sua cadeira de rodas motorizada. Outro motivo é poder (hihi) beber tranquilamente sem a necessidade de passar por bafômetros. Depois, ele foi se esbaldar com o chopp no Pinguim (depois de sua palestra, claro). Após o evento, chovia torrencialmente e eu, muito eficiente modéstia à parte (como diria minha querida falecida vozinha: “convencimento e água benta, cada um toma o seu!”), fui correndo providenciar um guarda-chuva para assim poder dar a volta no quarteirão e leva-lo à choperia. Eis que então ele puxou sua capa de chuva verde oliva e me disse algo como: “Sim, esta é minha capa de chuva e eu pareço uma azeitona”. Rimos os dois e seguimos para o nosso destino.
Esse foi apenas um dos milhares de momentos que tive por essas minhas andanças de eventos por aí.

Não, não fui a FLIP, ainda, mas com certeza muitas historias tenho pra contar.
Quem sabe não conto mais em outro post. Só espero que não seja na morte de mais nenhum grande mestre, rs.

Para mais informações sobre a FLIP, acesse: http://www.flip.org.br/
E para mais informações sobre a feira que cito acima, acesse: http://www.feiradolivroribeirao.com.br/

Até a semana que vem.


Por Júlia Quartim

Gostaria de fazer uma nota de atualização. Eu, muito otimista que sou, não escrevi sobre Ariano Suassuna, na esperança que ele não fosse se encontrar com João Ubaldo e Rubem Alves, mas infelizmente, após o término desse post, ele foi contra meu otimismo e faleceu. Gostaria de deixar aqui registrado, que de todos os três supracitados, só Ariano tive o prazer de conhecer pessoalmente no palco.

 “Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa.” (Ariano Suassuna).

E não é que ele foi lá pro céu festejar???




2 comentários:

  1. Júlia, minha filha. Cada vez mais me surpreendo com seus posts. Você tem muito talento. Seus posts são inteligentes e muito bem escritos. Parabéns. Continue escrevendo. Você, certamente, fará muito sucesso na vida. Um grande beijo.

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  2. Obrigada meu pai! É muito gratificante ouvir isso do senhor! Continue me lendo que continuarei escrevendo! Te amo muito!

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